O MundoMaker tem uma ótima dica para o fim de semana: até este domingo (25) está em cartaz, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, a retrospectiva de Julio Le Parc, “Da forma à ação”. Le Parc é um pioneiro da arte cinética e da op art, que brinca com as ilusões de óptica, e vê a arte como um laboratório social, capaz de produzir situações imprevisíveis e de engajar o espectador ludicamente.
Com a curadoria de Estrellita B. Brodsky e consultoria artística de Yamil Le Parc, a mostra apresenta mais de 100 obras que provocam diversas experiências físicas e visuais e exploram de maneira impactante temas como a luz, o movimento e o ritmo. A retrospectiva inclui as principais instalações, trabalhos raramente vistos em papel e materiais de arquivo de Le Parc, figura central na história da arte do século 20.
Le Parc busca limpar as estruturas e sistemas que separam espectador de obra. Na mostra, o visitante é convidado a abandonar uma posição passiva e interagir com as peças. Ela é dividida em três secções temáticas. A primeira, “Da superfície ao objeto”, reúne trabalhos iniciais e pinturas que mostram o uso de cor como meio de desestabilizar a superfície bidimensional.
Em “Deslocamento; Contorções; Relevos” estão as caixas de luz, obras de contorção e os revolucionários labirintos-instalação, exibidos pela primeira vez na Bienal de Paris de 1963. Por fim, “Jogo & política de participação” dissolve os muros físicos e ideológicos que separam espectador, obra de arte e instituição.
Quem é Le Parc?
Nascido em 1928, na Argentina, Julio Le Parc frequentou a Escuela de Bellas Artes in Buenos Aires, em 1943. Imigrou para Paris em 1958, onde participou do Grupo de Pesquisa de Artes Visuais. Representando a Argentina na Bienal de Veneza de 1966, Le Parc ganhou o Grand International Prize for Painting como artista individual.
Apesar da dissolução do coletivo GRAV, em 1968, Le Parc continuou a trabalhar como artista individual e como parte de coletivos internacionais, particularmente os envolvidos em denunciar regimes políticos totalitários. Sua participação em diversas manifestações sindicais em maio de 1968 fez com que ele fosse expulso do país por um ano. No seu retorno, tornou-se um importante canal entre os ativistas latino-americanos e a cena artística de Paris.
Sua inovação no campo da luz, movimento e percepção foi central para os movimentos da arte cinética e ótica da época, enquanto suas teorias de imediatismo e espectadorismo funcionaram como veículo de mudança social e política. Suas obras impactaram tanto seus contemporâneos na América Latina quanto a vanguarda da Europa do pós-Guerra e subsequentes gerações de artistas.
Até hoje, seus trabalhos são assunto de diversas exposições, incluindo Instituto di Tella (Buenos Aires), Museo de Arte Moderno (Caracas), Casa de las Americas (Havana), Moderna Museet (Estocolmo) e Daros (Zurique). Seu posicionamento radical continua cada vez mais relevante nos dias atuais.
- Exposição: “Julio Le Parc: da Forma à Ação”, de Julio Le Parc
- Datas e horários: Dias 24 e 25 de fevereiro, das 11h às 20h
- Local: Instituto Tomie Ohtake | Av. Faria Lima, 201 (Entrada pela Rua Coropés, 88) – Pinheiros, São Paulo (metrô mais próximo: Estação Faria Lima/Linha 4 – amarela)
- Entrada livre e gratuita.